quinta-feira, 31 de março de 2011

Pensamento deserto

Caminho pelo infinito deserto
E piso em areias de solidão,
Encontro-te bem lá ao fundo,
Mas nada como uma mera visão.
Voltei a ver-te, e voltei a olhar
Continuei a mover os cansados pés
Que se pareciam afundar
Parei, cai e pensei
Se isto é verdade,
Volto-me para trás,
E já não é deserto, é realidade.
Onde estás tu afinal?
Não te vejo.
Estás bem ao fundo,
Onde no meu pensamento te desejo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

continuo perdida

Diz me, fala,
Com essa fala que eu não percebo
Com esse gesto que não vejo,
Com esse encanto que me espanta.
Meu amor que eu não sei
Com quantos sorrisos te posso mostrar
Que a tristeza não está decepada
Com quantos abraços te posso dar
e que procuro um lado romântico
com quantas letras te posso soletrar
que o que sinto não é amor,
é ansiedade, é revolta, é paixão
dentro de tanta insegurança.
Eu canso-me meu amor
De ver te quieto como um gesso
Que não quer partir.
Meu amor,
Já cego de tanto olhar
Para este pensamento de desequilíbrio
Quando na verdade sinto saudade
De algo que não tenho
Mas que espero.
Estou cansada de não pedir
Cansada de esperar pelo nada
Pois se é um nada que mereço,
Então de ti já estou habituada.
Continua nesse caminho sóbrio
Nessa melodia melancólica
Que eu vou com as aves.

Tudo para a insegurança

Depois de uma longa vida
Com pedras, abanões e tempestades
Que fui eu fazer por algo que não tenho a certeza?
Antes via-me ao espelho e conseguia dizer:
Estou completa!
Ou: estou feliz!
Mesmo desconhecendo realmente o que é.
Hoje, digo:
Será que é o melhor?
Será o caminho?
Será temporário?
Nunca há certezas,
E continuo sem saber o que realmente é.
Num rio de pensamentos consigo baralhar me
Neste labirinto de incertezas
E de resultantes tristezas
Em que o medo espanta.
Necessito de um guia
De um caminho
De uma certeza.
Mas sobretudo quero conseguir olhar me ao espelho.

A palavra não dita

Continuo a tentar espremer estas letras
Que se juntar consigo compreender.
Há algo que me deixa
De uma forma incrivelmente inútil.
Algo que me desilude
E me deixa inferior a todos.
Esse algo é a palavra.
Que nunca te disse
Que nunca te soube explicar…
Essa palavra, ao qual chama-se literalmente,
Deixa me pior pessoa.
Se ainda me posso chamar de pessoa.
Tanto mudou, tão pouco permaneceu,
e eu no meio desta espiral de acontecimentos
Mudo, permaneço e caiu.
Se é a palavra que tanto me confronta
Nesta luta de felicidade ou alegria
Que posso fazer para procura-la?
Nada! O silêncio seguiu primeiro o caminho
E o mal, pior que mal feito foi inacabado.
Agora, atormentada por uma palavra que não disse
E que nem sequer um olhar consigo dar,
Peço a ti, que de culpa jamais te atribuiu,
Perdão.
Agora que conheces o terrível,
O mal já não te receia.
Sabes quem és,
A palavra está dita…

sábado, 19 de março de 2011

Hora da despedida

Tudo faço e nada espero em troca
E nada tenho.
Se não fosse esta minha virtude de me proteger,
Muitas mágoas passariam.
Se não fosse esta maneira de viver,
Muitas buracos enterravam.
Mas mesmo assim consigo sofrer ,
Consigo me enterrar,
Nesta vida incerta,
Nestes momentos limitados.
Estou farta de sentir.
Gostava de poder viver o sonho
O imaginário,
Que ainda me faz levantar de manhã.
Quero o bom como presente,
Não como pseudo futuro.
Quero a felicidade,
Não a alegria instável,
Quero a terra,
Não o mundo.
Será difícil querer o perfeito sem se cansar dele?
Não.
Agora essa hora passou.
cada minuto que recusei estou a paga-lo.
Cada coração destruído partilham com o meu.
Cada sofrimento desejado está a vir involuntariamente.
Vem e volta,
segue e solta,
regressa e revolta,
e eu caiu confusa. Morta.
Acabou o tempo.
É hora da despedida.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cansei de ser português



Limpo a pura farda e de amargura revisto com cautela. Guardo a minha moral e integro a norma social. Como é possível? Como é possível chegar a este patamar? Vivemos pelos outros para o sucesso…
Ser português é viver por cada qual, guardando sempre uma frieza sórdida para quem nos supera. Chegar ao cinco só é possível rebaixando quem tenta nos escalar. Sente-se no ar uma harmonia artificial em todos os seres português. Respire fundo o ar miscigenerado com fumo e reflicto…
A vida é a maior peça de teatro e nós (portugueses) somos os perfeitos actores para a representar “ A Vida”. Queiramos ou não, vivemos numa falsidade constante, pois o verdadeiro e o puro nada valem.
Cansei de ser português. Quero viver inteiramente o meu, eu.

domingo, 13 de março de 2011

Desabafo Sentido

Eu procurei por aquilo que não queria encontrar
Chorei por textos difíceis que não conseguia visualizar
Sorri por imagens tremidas,
Sonhei com poemas em que os finais eram sempre os mesmos, trágicos.
Mas agora estou pronta,
Para usar o passado como lição,
Usar aqueles caminhos esburacados que me faziam vibrar,
Por optar pela razão,
Estou disposta a querer te, como se fosse o ultimo segundo
Porque todos os segundos são momentos,
Mas nem sempre os momentos se vivem em segundos.

sábado, 12 de março de 2011

Sensações escondidas

A imagem da tua cara rosada
Remendada de momentos;
a sombra da tua pessoa,
isolada de tanta luz;
o palpitar do teu coração,
mesclado de sangue quente;
o suspirar do teu pensamento,
rodeado de sensações escondidas;
e esse sorriso melancólico,
que faz o meu ser vibrar.
Sabes sentir aquilo que não sabes tocar?
Eu sei tocar aquilo que não sei sentir…
Amor.
Um lugar sabe-me fazer parar.
Esse lugar és tu.
Guias-me com um lado irresistível,
Por um caminho liso e fácil de lá chegar,
Para um sabor ensaboado de bolhas viajantes
Corre,
Faz me correr,
Sem abrandar.
Faz me sentir o coração palpitar,
Mas não de medo,
Já não o sei sentir,
Mas sei tocar.
Amor,
Sinto-te chegar,
E já não te consigo tocar.
O que é agora suposto dizer?
AMO-TE.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A verdade é que o tempo cura tudo, até a alma.


O tempo faz-me estar pronta,
Em que as horas são derrotadas pelo tempo,
faz me sentir como uma folha branca,
em que a história pode começar da forma como quiser,
faz me encarnar uma pessoa acabada de nascer,
em que tem uma longa vida a percorrer.
O tempo faz me viver.
O tempo apressa me para aquelas longas noites de amizades já de uma vida,
faz me parar naqueles demorosos beijos em que parece que não há mais senão a alma,
Faz me viver.
Mas o tempo não volta atrás,
assim como não quer que eu volte.
O tempo também é concelheiro.
Obrigada ao tempo frio, mas eficaz.
Ao tempo pausado, mas reflector.
Ao tempo. Um obrigada.

quarta-feira, 2 de março de 2011

gosto deste Gosto


gosto porque gosto
E mais não sei explicar.
gosto porque gosto,
Agora e aqui onde tu podes estar.
É um gostar forte e intenso,
Que se perde no imenso,
Um Gosto que gosto de gostar.
Se penso em ti?
Em quê mais não gostaria mais de pensar,
És tu, eu e o meu pensar.
gosto deste Gosto,
Esse simples gostar,
gosto deste Gosto,
Este estado,
Este lado,
Que tu soubeste conquistar.
gosto deste Gosto,
E tu, queres provar?

(gosto- gostar
Gosto- sabor)